segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

D. ELIO SAUDA TODO O POVO DO NIASSA E SEUS AMIGOS

Caríssimos,
Os melhores votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo 2011
Jesus, o Filho de Deus, quis nascer como menino da virgem Maria para mostrar até que ponto o Coração do Pai que o envia, está cheio de amor e quer salvar a humanidade toda da sua frágil condição de pecado.
“E o Verbo se fez Homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai cheio de amor e fidelidade”(Jo 1,14).
Depois de alguns anos de silêncio, a revista Diocesana
AS COMUNIDADES DO NIASSA
Ressuscita e quer continuar a sua função de ser uma forma concreta de informação e de formação para todas as missões da nossa Diocese. Sentíamos a falta deste subsídio e nos parecia que cada um de nós estava desamparado.
Os  “autores” desta nova etapa, asseguraram que o revista terá saída cada três meses: espero seja verdade!  É claro que ela , sendo formativa e informativa, terá que ser abastecida pelas novidades de qualquer novidade que julgardes oportuna.
Pedimos a colaboração de todos.
Além da página escrita, ela será publicada no nosso sito internet:
http://www.diocesedelichinga.blogspot.com para os que quiserem coligar-se e ler notícias, acontecimentos, artigos. A revista se apresentará acessível, fresca.
Neste primeiro número condensamos alguns temas que são importantes e que achamos de interesse por todos: as conclusões do nosso Conselho Pastoral  Diocesano ( Cuamba 22/24 Novembro 2010); a revisão das Comissões Diocesanas e sua concreta tarefa; notícias várias da Diocese ; Programa pastoral de formação a todos os níveis nas paróquias da Diocese; a formação permanente do clero, das religiosas e dos leigos; sugestões para as visitas pastorais do próximo ano; possíveis novas nomeações; o Plano Estratégico e informe da Comissão Económica sobre as novas normativas que queremos dar às OBRAS da Diocese; a implementação do DIZIMO.
Nada de estranho, mas alertamos todos acerca da responsabilidade sobre os problemas vitais da nossa Diocese e actuações concretas em vista a uma pastoral de conjunto e da estrada a percorrer para uma real autonomia económica da Diocese no arco dos próximos quatro anos.
A revista quer ser órgão oficial e normativo para todos.
O nosso apelo vai aos padres diocesanos, aos religiosos e religiosas, aos animadores das comunidades e às comunidades cristãs todas da Diocese.
Será muito positivo o diálogo entre as várias equipas missionárias: algumas muito adiantadas na formação dos ministérios e outras muito paradas, tímidas e com falta de iniciativa. Espero muitíssimo das paróquias e párocos que têm abertura e realizam coisas grandiosas nas suas comunidades: serão nosso exemplo e nossa ajuda concreta. A partilha e o diálogo serão a nossa maneira de colaborarmos com força e entusiasmo na construção do Reino de Cristo nas almas e na sociedade.
Na revista teremos espaço para a informação sobre o trabalho da CEM a nível de Moçambique, documentos da Igreja Universal e das Instituições das Conferências episcopais da África Austral ( IMBISA) e das de África inteira ( SECAM).
O nosso caminho é com todos os bispos e comunidades cristãs de África: principalmente agora que queremos todos juntos enfrentar os desafios lançados pela última Assembleia especial do Sínodo dos Bispos sobre a “Igreja em África ao serviço da justiça, da reconciliação e a paz”.
Esperamos quanto antes o documento do Papa que nos lance na maravilhosa aventura do “novo Pentecostes”para a salvação da nossa África: o comboio da evangelização já está a correr e espera que todos subam e todos dêem o seu contributo.
Irmãs e irmãos caríssimos: O menino Jesus que nos foi dado pelo Pai, desperte em nós, mediante o seu Espírito, uma doação alegre e plena à causa do Evangelho.
O vosso bispo
Dom Elio Greselin

Lichinga 27 de Dezembro de 2010

Encontro dos Bispos da África Autral em Pretória - África do Sul

IMBISA  : Associação Inter-regional dos bispos da África Austral

Nos dias 6 a 13 de Dezembro de 2010, reuniram-se em Pretória, na África 
do Sul, 56 Bispos, provenientes da Angola, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Namíbia e Lesoto.
É a nona Assembleia ordinária ( se reúne cada três anos) e tratou os 
temas de “ Ética do trabalho para a promoção da auto-estima”
                  “ Boa governação”
                   “ Desenvolvimento sustentável na África Austral”.

Estes temas dão seguimento aos Encontros da IMBISA  nos anos passados: 
em 2004 (Harare)foi tratado o tema do Auto sustentabilidade.
 em 2007 (Luanda)foi tratado o tema da Boa governação para o
                  desenvolvimento. 
Em ambas as ocasiões foram tomadas decisões que, em forma de cascatas, foram abrangentes até serem implementadas nas nossas pequenas comunidades cristãs.
Ambos os temas, indicavam a necessidade de a Igreja e suas comunidades alimentarem o desejo de trabalharem para elas mesmas no sentido de serem autosustentáveis  ( Plenária 2004) e torná-las modelo na maneira como encarar o trabalho e como esperam que os outros o encarem ( Plenária 2007), por outras palavras, tendo uma Boa Ética no trabalho.
Será que nós na Igreja atribuímos um valor ético ao trabalho?
Como Igreja na Região Austral de África promovemos uma boa ética do trabalho nas nossas comunidades que, por muitos anos, foram colonizadas e ,depois, marginalizadas, por sucessivos governos depois da Independências?
Na Assembleia Plenária deste ano 2010, reflectimos sobre este ponto: A BOA ÉTICA NO TRABALHO como resultado do que foi discutido nos anteriores plenários. 
Historicamente, o trabalho foi visto sob diversos pontos de vista. Muitos estudos foram produzidos e muitas ideias foram trocadas.
Já na Bíblia, depois de Adão e Eva terem desobedecido ao comando de Deus, encontra-se, no trabalho, um caminho de redenção: trabalho visto como purificação, como sofrimento, como dor.
No tempo da escravidão perpetuou-se a ideia de que o trabalho era um castigo de Deus para o mal, feito pelo homem ao longo da história.
Entretanto, algumas correntes filosóficas do Século XIX, descobrem a dignidade do trabalho na aurora da revolução industrial na Inglaterra e na Europa. O trabalho é visto como promoção da dignidade do trabalhador e um bem para a pessoa e sua presença na sociedade.
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Esta corrente positiva sobre o valor e a bondade do trabalho, foram adversadas pelas correntes americanas, australianas, calvinistas, holandesas e pelos boers na África do Sul.
Veio depois o comunismo, o socialismo e os movimentos da assim chamada esquerda: estes movimentos, entre tantas coisas negativas, trouxeram, de facto,  realidades novas e positivas acerca da dignidade do trabalho humano. As correntes católicas e democratas apoiaram este movimento e a Igreja saiu das sacristias e lançou-se decididamente no meio do povo operário, defendendo os direitos dos trabalhadores e promovendo a justiça social e a promoção das classes mais pobres da sociedade.
Aqui na África Austral tivemos a triste experiência do colonialismo.
O colonialismo, mediante o trabalho dos colonizados, perpetuou a ideia do trabalho como marginalização, exploração, humilhação, domínio e opressão. As guerras de libertação nos diferentes Estados hoje independentes, foi também motivada pelas injustiças no tratamento das pessoas colonizadas.
Ainda hoje, no tempo da Independência, as ideias de o trabalho ser considerado como humilhação, marginalização, opressão e castigo não morreram. As nossas sociedades sofrem por estas mentalidades opressoras.
Nos dias 7 e 8 de Dezembro desta Assembleia Plenária em Pretória, foram tratados os temas da “ A Ética do trabalho no período pós-colonial” e “ Boa Ética do trabalho e Boa Governação” com esclarecimentos, comentários e questões.
A minha primeira impressão, como bispo de Lichinga que participava pela primeira vez, ( Os bispos de Moçambique estavam todos presentes!) foi muito enriquecedora e envolveu-me positivamente e emocionalmente.
À margem dos temas propostos, tomei contacto com a situação das várias conferências episcopais  ( principalmente da do Zimbabwe e a situação do seu povo!) e das situações concretas nas quais vive o povo nesta África Austral( A missa de conclusão foi celebrada na Igreja de Soweto, periferia de Joanesburgo, famosa pela resistência contra o apartheid!)  
Fizemos documentos que irão ser publicados e outros que deverão ser apresentados directamente aos governantes dos diversos países: a Igreja e os seus pastores estão muito preocupados e querem entrar na defesa da liberdade e da paz dos povos no meio dos quais vive. Mediante a Nunciatura apostólica da África do Sul e as Instituições da Igreja, é nosso dever de bispos, tentar envolver os governantes dos países da África Austral na governação dos povos a eles confiados:  para garantir a paz, a justiça e a reconciliação.