quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Viagem apostólica

O Padre Leonardo pároco da Zona do Lago o vai chamar porque está na hora


numa das comunidades proximas D. Elio descansa nesta palhota e retoma forças para a visita


frontaria da Igreja com um lindo azulejo de S. Miguel - Patrono da paróquia de Còbué


     D. Elio prepara-se para a celebração


                                     o povo quer ver a sua Igreja novamente como era e pede ajuda


 

                                                        D. elio visita a Igreja em Ruinas


                                     Celebração ao ar livre por não haver condições na Igreja


D. Elio visita a região do Còbué linda Igreja mas em ruinas, destruida pela guerra civil



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Caríssimos irmãos
     A viagem apostólica de Metangula… Cobué… Chiuindi…Tanzânia acabou no domingo 24 de Outubro 2010.
O Pe. Joaquim, vigário geral, o Pe. Leonardo, a irmã Alicia e o animador Vicente foram meus companheiros de viagem. O sábado 16 , pelas 14:OO estávamos em Chuanga: nas comunidades celebrávamos as  confissões, a Eucaristia, o Crisma, os baptismos e os casamentos.
No contacto directo com o povo, explicávamos os pontos principais da nossa nova Linha Pastoral escolhida na Assembleia Diocesana em Cuamba: FORMAÇÃO a todos os níveis, COMUNIDADE CRISTÃ e critérios pela sua constituição e como Centro de qualquer formação, a AITOSUSTENTABILIDADE  das comunidades, Paróquias e Diocese.
A nossa viagem inicia na mesma tarde daquele sábado 16: fomos recebidos triunfalmente pela comunidade de Chuanga.
O domingo e a segunda feira nos viram em Metangula, Meluluca, Chia e Ngóo.
Na terça feira celebramos em Cobué sede e, na tarde, em Uchissi e Mbueca: dormimos em Cobué.
Daqui para frente, durante três dias e três noites o lago Niassa foi o nosso amigo de viagem: Ngofi Mtimbe, Londo, Luuchi,Unghi, Chiuindi .
Voltamos a Cobué na noite do dia 22, depois da longa viagem de barco com motor, iniciada em Chiuindi pelas 13.00 e chegada pelas 20.00h.
De dia nos acompanhava o sol e durante a noite a lua cheia: as águas do imenso lago nos acolhiam nos seus braços e nas suas ondas suaves.
Os últimos dois dias foram dedicados a Mechuma e Maniamba.

Jesus ia de aldeia em aldeia e anunciava a Boa Nova do Reino!

O que mais fica gravado no coração, depois desta viagem, é o isolamento destas populações ao norte de Cobué. Não existem estradas: ou se vai a pé ao longo dos caminhos dos vários pequenos montes que se sosseguem  ininterruptamente ( verdadeiros corta-matos para cabritos de monte!)ou, como fez o nosso bom Leonardo, nos acolheu no seu barco e fomos… de etapas em etapas até Chiuindi e de novo, cansadíssimos, até as camas da “residência” em Cobué.
E pensava aos fundadores desta missão-paróquia (os padres Menegon, Camilo, Neves…) que percorriam estas distâncias caminhando e abrigando-se onde podiam: meses de encontros, de catequeses, de celebrações nas misérrimas capelas daquele tempo, os primeiros baptismos, as primeiras comunhões… e os sonhos  destes pioneiros.
Agora há comunidades: algumas verdadeiramente robustas! Há esperanças que florescem, bons grupos de canto (de forte influência Malaiwana ou Tanzaniana), liturgias simples.
Aqui um Macua se sente estrangeiro: as línguas Swahili, Nhanja, Chichewa , se misturam continuamente entre elas: o português aqui não se sente, nem nas crianças que frequentam as nossas escolas comunitárias, nem na liturgia. É um mundo original, fechado no pequeno horizonte da sua terra.
As “machambas” não existem ao longo do lago: cada família tem pouco terreno em volta das casas com pequenas cultivações de mandioca, feijão e pequenas hortaliças. Palhacinhas sobre elevadas, abrigam cabritos, ovelhas e galinhas. Aqui tudo é pequeno: só o lago é imenso. Os campos cultivados são todos nas montanhas e aí se deslocam os habitantes à procura de comida para a família.
O lago oferece o seu peixe! Sempre abundante!
Todos sabem pescar. Nascem com a rede na mão, o anzol e muito cedo apreendem navegar sobre pequenas canoas.
Respirei a fé e a alegria desta gente! É rara a visita de um bispo. Fixei na máquina fotográfica alguns destes rostos e lugares: quero sejam parte viva da minha oração e intercessão. Acabou o tempo de deixar a Paróquia de Cobué sem missionários! O bispo tem que oferecer um padre!
É uma promessa! E um desafio para o futuro do  “povo do lago”. 
Mais uma vez senti dentro de mim o grito do último Sínodo especial para a África: África, levanta-te, caminha!
Aqui mais do que noutras partes, são precisos  pastores missionários de grande coração e de sacrifício: que saibam viver com este povo e saibam anunciar a palavra do Evangelho que salva. Aqui a nossa Diocese deve investir na Formação, nas Escolas e na Saúde
O clima de profundo respeito manifestado pelos chefes muçulmanos e a sincera amizade e partilha com a comunidade anglicana são realidades consoladora.
Deus, nosso Pai, nos reúne e nos convida a viver no seu amor.

Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor! Detiveram-se os nossos passos às tuas portas Jerusalém!
Este foi o canto que saiu dos meus lábios quando, depois de seis horas de viagem, vi o farol de Cobué.
 Experimentei a alegria dos peregrinos hebraicos que, tendo atravessado o deserto, avistavam de longe a cidade santa e o templo do Senhor!

É tempo de retomar o caminho.
 Rezo ao Pai para que fortifique o meu empenho missionário: abra o meu coração a uma renovada oferta de vida.
E me deixe sonhar com todos os cristãos da Diocese de Lichinga: Levanta-te, caminha!

O vosso bispo
Elio Greselin

Lichinga, 27 Outubro 2010